Qualquer espécie de morcegos pode transmitir o vírus da raiva, mas só o hematófago o faz ao se alimentar do sangue dos animais
A raiva é uma doença com 100% de letalidade para qualquer mamífero inclusive para o ser humano, sendo que em todo território brasileiro ela é considerada endêmica. No estado de São Paulo a ocorrência do morcego hematófago Desmodus rotundus, que é considerado o principal transmissor de raiva para os rebanhos de herbívoros domésticos (bovinos, equinos, bubalinos, ovinos e caprinos) tem sua ocorrência, principalmente, da região central até a região leste do estado, ocupando toda a região serrana. Devido à forte intervenção humana, rodovias, ferrovias e construções abandonadas, criou-se uma grande rede de possíveis abrigos, que juntamente com a grande oferta de alimento através dos rebanhos favorecem o seu desenvolvimento.
Dados da Coordenadoria de Defesa Agropecuária, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, mostram que em todo o estado de São Paulo foram registrados 211 casos de raiva em herbívoros em 2019, 159 em 2020, 126 em 2021 e este ano de 2022, até 15 de março foram registrados 13 casos. “Pode-se observar um padrão de diminuição dos casos devido ao trabalho da Coordenadoria no controle do morcego transmissor, visitas às propriedades onde há ocorrência de casos de raiva e na prevenção realizada”, diz o médico-veterinário da Secretaria de Agricultura Guilherme Shin Iwamoto Haga, que junto à Coordenadoria de Defesa Agropecuária responde pelo Programa Estadual de Controle da Raiva dos Herbívoros.
No ano de 2021 as equipes de controladores fiscalizaram 1617 abrigos. Foram capturados e tratados 5096 morcegos e 110 foram encaminhados para diagnóstico, sendo nove positivos.
Na região da Defesa Agropecuária Regional de Sorocaba, que compreende os municípios de Alumínio, Araçariguama, Araçoiaba da Serra, Boituva, Cabreúva, Capela do Alto, Ibiúna, Iperó, Itu, Mairinque, Piedade, Pilar do Sul, Porto Feliz, Salto, Salto de Pirapora, São Roque, Sorocaba, Tapiraí e Votorantim, foi realizado durante o ano de 2021 a revisão de 111 abrigos, que resultaram em 348 morcegos capturados. Em 2022 já foram revisados 32 abrigos e capturados 57 morcegos. Nesta região foram diagnosticados 23 casos de raiva em 2021 e 8 casos já foram registrados em 2022.
Qualquer espécie de morcego (nectarívoros, insetívoros, carnívoros, piscívoros, frugívoros) pode transmitir o vírus da raiva, porém, somente o morcego da espécie hematófago a faz para se alimentar. Apenas uma parcela menor que um por cento da população toda de quirópteros está contaminada, por isso, a vacinação dos herbívoros é essencial para proteção dos animais. Caso o morcego que se alimentou do sangue de um animal estiver contaminado, ele poderá transmitir o vírus da raiva”, explica Haga.
Uma ação da Coordenadoria em educação sanitária nas escolas será realizada nos municípios de Araçariguama, Itu, Pilar do Sul e Piedade.
Por Teresa Paranhos