O Governo de São Paulo vai ampliar o enfrentamento às queimadas em parceria com a iniciativa privada. Entidades do setor sucroalcooleiro, energia elétrica, gás, água e concessionárias de rodovias disponibilizaram suas estruturas de monitoramento e combate ao fogo ao estado em reunião emergencial, que contou com a participação do governador Tarcísio de Freitas e secretários, nesta terça-feira (03/09), no Palácio dos Bandeirantes.
A cooperação será intensificada nos próximos dias com a integração das empresas no Plano de Contingência montado na operação SP Sem Fogo, e possa ser o início de um plano maior de cooperação de resiliência climática.
A cooperação ocorre em momento de agravamento das condições climatológicas favoráveis aos incêndios. O número de focos de calor cresceu 386% entre janeiro e agosto deste ano na comparação com 2023. Além disso, cerca de 8.049 propriedades rurais foram afetadas pelos incêndios em 317 municípios.
Durante a reunião, o secretário de Agricultura e Abastecimento, Guilherme Piai, ressaltou a importância dessa ação conjunta. “Colocamos nossa secretaria à disposição. Essa coordenação deve ser muito bem mapeada, de forma organizada. Temos muita capilaridade com as Casas da Agricultura”, disse Guilherme Piai.
As usinas ligadas a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), por exemplo, contam com 10 mil brigadistas e 2 mil caminhões pipa disponíveis para combater incêndios nos canaviais. Já a Florestar, especializada no setor de inteligência em segurança patrimonial, ofereceu um trabalho em conjunto com o governo para o monitoramento de Unidades de Conservação afetadas pelas chamas.
Outro setor importante a ser mobilizado é o de concessionárias de rodovias. Com os incêndios, trechos foram interditados por conta da baixa visibilidade nas pistas. Nesse sentido, as concessionárias prestaram serviços de informação à população. Além disso, as empresas também usam o sistema de monitoramento via câmeras das rodovias para mapear novos focos de incêndio.
Os esforços da iniciativa privada se somam a um trabalho permanente do Governo do Estado de enfrentamento aos incêndios florestais. A operação SP Sem Fogo foi responsável por treinar em maio quase 2 mil agentes para o combate ao fogo, com participação inclusive de agricultores. Em junho, a operação entrou na fase vermelha, com atenção máxima ao período com menos chuvas e previsão de calor extremo.
A comunicação também será um ponto central no combate aos incêndios. O governo de São Paulo vai distribuir nos próximos dias quase 500 mil panfletos e cartazes como parte da campanha de conscientização do problema para a população. Além do enfrentamento às queimadas, o uso consciente da água no período de estiagem é abordado em outra campanha divulgada atualmente.
Previsão para os próximos dias
A situação das queimadas no estado de São Paulo se agravou entre 2 de agosto e 3 de setembro, período em que 245 municípios foram atingidos pela incidência de fogo, 48 deles em alerta máximo. Além disso, a estiagem ainda persiste no estado fazendo de setembro um mês crítico e propiciando piora no cenário dos incêndios.
De acordo com a meteorologista da Defesa Civil, Desiree Brant, a previsão pelo menos para os primeiros 20 dias de setembro é de tempo seco. Uma massa de ar seco deve impedir a chuva, favorecer temperaturas elevadas, reduzir a umidade do solo e aumentar o risco de fogo. “A partir de meados de setembro, devemos ver os primeiros sinais de chuva. As precipitações não devem ser volumosas, mas serão os primeiros sinais, o que deve diminuir esse momento crítico”, diz a meteorologista. A expectativa só melhora mesmo no mês de outubro.