O javali (Sus scrofa scrofa) é um mamífero pertencente à família Suidae. Esta espécie animal é
originária da Europa e da Ásia, mas foi introduzida em vários lugares do mundo e hoje existe
em todos os continentes. O javali só não está presente na Antártida. Esse animal é pertence à
mesma espécie do porco doméstico (Sus scrofa domesticus).
Os javalis habitam diversos tipos de ambiente e se adaptaram ao calor e ao frio, apesar de preferirem
temperaturas amenas. Vivem em savanas (cerrado), áreas florestais, áreas agrícolas, pântanos e até em
áreas com temperatura severa e neve. Mas precisam de áreas com muita vegetação, que lhes forneça
alimentos e abrigo, para que possam se esconder dos predadores, além de bastante água por perto.
O javali adentrou o Brasil pela Região Sul, vindo da Argentina e do Uruguai, para onde foi levado com o
objetivo de servir de animal de caça. Mas nas décadas de 1980 e 1990, ele também foi introduzido em
vários estados, incluindo o de São Paulo, como animal de criação comercial, com o objetivo de atender a
um mercado de carnes nobres e diferenciadas. A fuga ou a soltura de animais desses criatórios, aliada ao
cruzamento com porcas domésticas, originou varas de javaporcos que se alastraram e hoje constituem
um dos maiores problemas enfrentados por produtores rurais em grande parte do Brasil.
No auge da criação de javali no Estado de São Paulo, antes da probição da criação pela IN n.° 3/2013, do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), de acordo com dados
do Levantamento Censitário das Unidades de Produção Agropecuária (LUPA)/CATI, de 1998, existiam
mais de 4.500 javalis sendo criados em 66 criatórios especializados, localizados em 55 municípios.
Os javalis são suídeos (família dos porcos) que encontramos em vida livre. Javaporcos são animais
resultantes do cruzamento do javali com o porco doméstico. Os diferentes graus de cruzamento com
o porco doméstico e a disponibilidade variável dos alimentos disponíveis nas diferentes áreas paulistas
tornam seu tamanho e peso bastante variáveis. No entanto já foram registrados machos de até 270 kg
e fêmeas de até 200 kg. Chegam a medir de 1,2 m a 1,8 m de comprimento e atingir cerca de um metro
de altura. Os machos possuem caninos salientes que usam para se defender de predadores e para brigar
com outros machos.
Os grupos de javalis são formados por fêmeas adultas e jovens, machos jovens e filhotes que possuem
pelagem ruiva, listrada de amarelo. Os machos adultos costumam ficar na periferia dos grupos e muitas
vezes tornam-se “solteiros”. As fêmeas parem uma e/ou duas vezes por ano e dão à luz entre 4 e 12
leitões. Elas já são férteis aos 10 meses. Essas características, aliadas à fartura de alimento e de abrigo
e à ausência de predadores significativos, fazem com que a população dos javalis aumente ano a ano e
alcance rapidamente novos territórios.
Os javalis e javaporcos são onívoros, ou seja, comem todo tipo de alimento, de origem vegetal e animal.
Javalis atacam culturas de milho, mandioca, sorgo, batata, cana-de-açúcar, além de consumirem pinhas,
frutas silvestres e raízes dos arbustos e árvores. Além de raízes e grãos cultivados, fazem parte de sua
dieta os ovos das aves e dos répteis que fazem seus ninhos no chão, assim como filhotes e mesmo
adultos de animais menores, além de minhocas e até casca de árvores.
Quanto ao comportamento, javalis e javaporcos são muito difíceis de se avistarem durante o dia, pois
preferem sair para se alimentar à noite. Durante o dia, gostam de ficar em locais que oferecem sombra e
água, geralmente em áreas de mata, onde fuçam o solo para se alimentar de minhocas e se cobrir de lama,
de modo a se refrescarem. Este hábito prejudica o solo de charcos e nascentes, pois este é esfarelado e
levado pela chuva para o leito dos córregos, riachos e pequenos rios, causando o assoreamento de seu
leito (isto é, o “entupimento” do corpo d’água pela matéria de solo deslocada pelos javalis). As nascentes
ou “olhos d’água” também são entupidas pelo solo esfarelado e acabam secando.